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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

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O VÍRUS HPV TEM CURA?

A infecção pelo papilomavírus humano, mais conhecido pela sigla HPV, é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo.

A forma de apresentação clínica do HPV depende do estado imunológico do paciente e do subtipo do HPV pelo qual o mesmo foi infectado. Algumas pessoas com HPV podem não desenvolver sinal ou sintoma algum; alguns indivíduos desenvolvem verrugas genitais, enquanto outros apresentam alterações a nível celular que podem predispô-las a terem determinados tipos de câncer. Praticamente todos os casos de câncer do colo do útero e um grande percentual dos casos de câncer anal e de pênis estão relacionados à infecção pelo HPV.

Neste artigo vamos nos ater a duas simples perguntas:

1- Uma pessoa infectada pelo vírus HPV pode ficar curada?
2- Existe tratamento para as infecções causadas pelo vírus HPV?

HPV tem cura?

O HPV tem cura? A resposta para esta pergunta não é tão simples quanto parece, pois ela pode ser sim ou não, dependendo da forma como você interpreta a pergunta.

Existe diferença entre curar o HPV e curar as lesões provocadas pelo HPV. Portanto, para chegarmos à resposta correta, é preciso antes explicarmos como age o HPV e como é a evolução natural do papilomavírus dentro do nosso organismo.

Para resumir o que será explicado ao longo deste artigo, podemos fazer 3 afirmações:

  • O HPV costuma curar-se espontaneamente em 80 a 90% dos casos. Após 1 ou 2 anos, o sistema imunológico da maioria das pessoas é capaz de destruir o HPV e eliminá-lo por completo do nosso organismo.
  • A lesões provocadas pelo HPV, sejam elas verrugas ou neoplasias do colo do útero, têm cura através de tratamento médico. Todavia, é importante lembrar que curar as lesões do HPV não significa eliminar o HPV do organismo.
  • Quando o sistema imunológico do paciente não consegue eliminar o HPV por conta própria, o paciente fica contaminado por toda a vida, já que ainda não existem remédios que curem o HPV.

Existe cura para os subtipos de HPV que provocam verrugas na pele?

O HPV é um vírus que possui mais de 150 subtipos diferentes. Nem todos são capazes de causar câncer e nem todos atacam a região genital. Alguns subtipos do HPV, como, por exemplo, os HPV-1, HPV-2 e HPV-4 ficam restritos à pele, causando verrugas simples nas mãos, pés, joelhos e cotovelos. Nestes casos, a transmissão do HPV não é por via sexual.

Quem teve verruga na infância sabe que, na maioria dos casos, a lesão desaparece com ou sem tratamento após cerca de 1 ou 2 anos. Novas verrugas podem aparecer ao longo dos anos, mas, em geral, ao chegar na fase adulta, a maioria das pessoas já não está mais contaminada com nenhum subtipo de HPV que provoca verrugas na pele. Apenas 10 a 15% dos pacientes com verrugas comuns são adultos.

É importante destacar que a maioria das pessoas que se contaminam com os subtipos do HPV responsáveis pela ocorrência de verrugas não desenvolvem verrugas. O paciente se contamina, não desenvolve sintoma algum e após 1 ou 2 anos o seu sistema imunológico se livra do vírus sem que o indivíduo nem sequer tenha tomado conhecimento da infecção.

Portanto, existe cura para o HPV que provoca verrugas na pele, e ela é espontânea na grande maioria dos casos. Nos pacientes que desenvolvem verrugas, o tratamento com medicamentos ajuda a acelerar o processo de eliminação da verruga em si, mas não elimina o HPV do organismo.

É importante destacar que uma parcela pequena dos indivíduos permanecem tendo verrugas durante a vida adulta. São pessoas cujo o sistema imunológico não conseguem se livrar do HPV. Neste indivíduos, não há cura para o HPV. O que se pode fazer é tratar individualmente cada verruga que surge, caso seja este o desejo do paciente, já que a verruga em si não causa nenhuma complicação além do indesejável efeito estético.

Existe cura para os subtipos de HPV que provocam verrugas genitais?

Assim como existem subtipos do HPV que causam verrugas nas mãos e nos pés, existem também vários subtipos do HPV que são responsáveis pelo surgimento de verrugas nos órgãos genitais. Também chamado de condiloma acuminado, essas verrugas são causadas por subtipos do HPV transmitidos sexualmente e podem acometer o pênis, uretra, nádegas, ânus, vagina e regiões próximas no períneo.

Vários subtipos de HPV podem causar verrugas genitais, mas cerca de 90% dos casos são provocadas por apenas 2 subtipos: HPV-6 e HPV-11. Felizmente, esses dois subtipos têm baixo potencial de gerar câncer.

Assim como ocorre nas verrugas simples, a maioria das infecções pelo HPV que provoca verrugas genitais é subclínica. Cerca de 80 a 90% dos pacientes ficam livres do HPV de forma espontânea após 1 ou 2 anos, e muitos nem ficam sabendo que estiveram infectados, pois não chegaram a desenvolver verrugas aparentes.

Há, porém, casos em que o paciente desenvolve uma ou mais verrugas genitais clinicamente aparentes e permanece com elas por vários anos. Entre os pacientes que se contaminam com o HPV e desenvolvem verrugas, a taxa de remissão espontânea para cada verruga é de 30 a 40% dentro de 6 meses a 1 ano. Contudo, o desaparecimento da verruga não significa necessariamente eliminação do HPV do organismo. Por isso, a taxa de recorrência é alta.

Na maioria dos casos, a verruga genital é um problema estritamente estético. O risco de evolução para câncer é baixo na maioria dos subtipos de HPV e sintomas como dor, coceira ou obstrução do canal anal ou vaginal são incomuns. Se o paciente optar pelo tratamento é importante lembrar que os medicamentos agem apenas contra as verrugas, não tendo efeito sobre a presença do vírus no organismo. Por isso, a taxa de recorrência das verrugas genitais chega a ser de 30% dentro do período de 1 ano. Em geral, o objetivo é ir tratando as verrugas até que o organismo do paciente consiga eliminar o HPV definitivamente. Em alguns casos isso ocorre, em outros não. Depende do grau de competência do sistema imunológico de cada um.

Para saber mais sobre o tratamento das verrugas simples e das verrugas genitais, leia: VERRUGAS COMUNS | VERRUGAS GENITAIS.

Portanto, existe cura para o HPV que provoca verrugas genitais, e ela é espontânea em muitos casos.

O tratamento das verrugas com medicamentos ajuda a acelerar o processo de eliminação da verruga em si, mas não elimina o HPV do organismo. Em alguns casos porém, o sistema imunológico do paciente não é capaz de eliminar o HPV de forma definitiva, e uma infecção permanente pode ocorrer. Nestes casos, mesmo que cada verruga individualmente possa ser curada, novas lesões podem sempre surgir, já que o vírus continua presente no organismo.

Existe cura para os subtipos de HPV que provocam câncer do colo do útero?

Alguns subtipos de HPV, principalmente os HPV-16 e HPV-18, estão relacionados ao surgimento do câncer do colo do útero. O HPV-16 é responsável por 50% dos casos e o HPV-18 por cerca de 20%.

Assim como ocorre nos outros casos de infecção pelo HPV, os subtipos que podem causar câncer do colo uterino também costumam desaparecer espontaneamente nos primeiros 2 anos de infecção. Mesmo nas pacientes que já apresentam lesões pré-malignas do colo do útero, chamadas de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), a taxa de regressão espontânea da lesão e cura do vírus é bastante alta.

Os casos de cânceres do colo do útero ocorrem nas pacientes que têm um subtipo mais agressivo (HPV-16 u HPV-18) e cujo o sistema imunológico não consegue eliminar o vírus a curto/médio prazo. Em geral, são necessários cerca de 10 a 20 anos de infecção para que o Papilomavírus humano possa provocar o parecimento de um câncer do colo de útero.

Os pacientes que a longo prazo não conseguem se ver livres dos subtipos perigosos do HPV devem fazer acompanhamentos a cada 6 meses ou 1 ano com o ginecologista. Se houver sinais de evolução da lesão pré-maligna, a região com risco de desenvolvimento do tumor deve ser excisada cirurgicamente.

Mais uma vez, é importante frisar que a excisão da lesão cura a neoplasia intraepitelial cervical (lesão pré-maligna), impedindo que a mesma evolua pra um câncer, porém, não afeta em nada o estado do HPV no organismo. A paciente precisa continuar sendo monitorizada para que, caso novas lesões pré-malignas surjam, elas possam ser tratadas precocemente.

Falamos mais sobre a relação entre HPV e câncer do colo do útero no seguinte artigo: HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO.

Conclusão

Podemos concluir que, independente do subtipo, a cura do HPV só ocorre de forma espontânea. Não existem tratamentos ou remédios que ataquem diretamente o vírus, eliminando-o do organismo. Por outro lado, as lesões provocadas pelo HPV, sejam elas verrugas ou neoplasias pré-malignas, podem ser curadas através de uma série de tratamentos, que variam desde a aplicação local de substâncias até a excisão cirúrgica da lesão. Porém, como esses tratamentos não atacam diretamente o vírus, as lesões podem surgir novamente com o passar dos anos.

Não deixe de ver também esse curto vídeo, produzido pela equipe do MD.Saúde, que explica de forma simples a vacinação contra o HPV.

Portanto, a infecção pelo HPV dá razão ao famoso ditado que diz que prevenir é melhor que remediar. No caso do HPV, já existe prevenção efetiva, que é feita através da vacinação. A vacina contra HPV previne a infecção contra  os subtipos mais perigosos (leia: VACINA CONTRA HPV | Eficácia, efeitos e indicações.

Este post também está disponível em: Espanhol

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