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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

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HEPATITE A – Sintomas, Tratamento e Vacina

O termo hepatite significa inflamação do fígado. A hepatite pode ser causada por vários fatores, como drogas, álcool, doenças autoimunes ou agente infecciosos (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES). A hepatite A é causada por um vírus chamado HAV, que é a sigla em inglês para “vírus da hepatite A”.

O vírus da hepatite A só foi descoberto em 1973. Até a década de 1960, nenhum dos 3 principais vírus da hepatite, conhecidos atualmente, haviam sido identificados. Naquela época, sabíamos que os pacientes tinham hepatite, mas a causa da inflamação no fígado era desconhecida.

Ao contrário do que o senso comum possa indicar, o vírus da hepatite A é completamente diferente do vírus da hepatite B, que por sua vez, nada tem a ver com o da hepatite C. São, portanto, doenças distintas, apesar do nome quase idêntico.

Leia:
HEPATITE B – Sintomas, diagnóstico e vacina
HEPATITE C – Sintomas e tratamento

Apesar de já existir vacina, a incidência de hepatite A no mundo ainda continua elevadíssima, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a obertura vacinal é baixa e a exposição ao vírus é elevada.

Neste artigo vamos explicar os seguintes pontos sobre a hepatite A: formas de transmissão, sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento.

Transmissão da hepatite A

A hepatite A é transmitida pela via fecal-oral. As pessoas infectadas eliminam o vírus em suas fezes de modo constante. Para ser infectado é preciso que o vírus entre em contato com nossa boca. O contato oral com fezes de outros, em um primeiro momento, pode parecer um via improvável, porém, é muito mais comum do que imaginamos. Quanto pior for a condição de higiene do meio, mais fácil será a transmissão.

Exemplos de como se pode transmitir a hepatite A:

– Comidas preparadas por pessoas que não lavam as mãos após evacuação.
– Mergulhar em praias ou lagoas que recebem esgoto não tratado (o HAV pode se permanecer viável por até 6 meses).
– Frutos do mar oriundos de águas poluídas com esgoto não tratado.
– Tocar em objetos contaminados e logo após levar a mão a boca inadvertidamente.
– A hepatite A não é uma doença sexualmente transmissível, porém, ter relações com pessoas infectadas é um fator risco, principalmente se houver sexo anal seguido de sexo oral ou hábito de se lamber o ânus do parceiro(a). Neste caso o uso de camisinha não altera em nada o risco de contaminação.

Um dos grandes problemas da hepatite A é que o paciente contaminado começa a eliminar o vírus antes mesmo dos sintomas iniciarem-se. Por exemplo, cozinheiros com maus hábitos de higiene podem trabalhar semanas transmitindo o vírus sem que se suspeite da contaminação.

Para saber mais sobre doenças transmitidas por águas contaminadas, leia: DOENÇAS TRANSMITIDAS PELA ÁGUA.

Sintomas da hepatite A

O período de incubação do HAV é de 2 a 6 semanas. Em crianças o quadro pode ser brando o suficiente para passar despercebido. Quando há sintomas, estes são muitas vezes confundidos com uma gripe ou uma gastroenterite leve. Não é incomum pessoas só descobrirem que tiveram hepatite A através de sorologias solicitadas ao acaso.

Nos adultos, a hepatite A costuma ser mais sintomática. Este é o grupo que costuma procurar atendimento médico durante a fase aguda da doença.

Inicialmente a hepatite A se apresenta como uma virose gastrointestinal  inespecífica, com perda de apetite, náuseas, vômitos, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e febre. Após 1 semana surge a icterícia, sintoma clássico da hepatite A aguda, que se caracteriza por pele e olhos amarelados, comichão generalizado, urina escura e fezes de cor muito clara (leia: ICTERÍCIA NO ADULTO E ICTERÍCIA NEONATAL). 80% dos pacientes apresentam também hepatomegalia, que é o aumento do tamanho do fígado.

A hepatite A dura em média 2 meses. Ao contrário da hepatite B e, principalmente, da hepatite C, que costumam virar infecções crônicas, a hepatite A na maioria dos casos cura-se espontaneamente, raramente se tornando uma hepatite crônica.

Se por um lado a hepatite A costuma ser uma doença benigna que raramente se torna crônica, por outro, ela é a hepatite viral que mais frequentemente cursa como uma hepatite fulminante, levando a morte por insuficiência hepática caso não seja efetuado um transplante hepático de urgência. Felizmente esse quadro ocorre em menos de 1% das hepatites por vírus A.

Diagnóstico da hepatite A

Nas análises de sangue, o principal achado é a alteração das chamadas enzimas hepáticas: TGO, TGP e bilirrubinas (leia: O QUE SIGNIFICA AST (TGO) E ALT (TGP)?). Nas hepatites agudas os valores de TGO e TGP costumam estar acima de 1000 IU/dL.

As enzimas hepáticas, porém, só indicam que há um quadro de hepatite aguda em curso, não sendo capazes de determinar a causa.

Para se identificar o HAV como agente causador da hepatite é preciso realizar uma sorologia para hepatite A. Na sorologia procuramos por 2 tipos de anticorpos: IgM e IgG.

– O anticorpo IgM, indica hepatite A ativa. Já encontra-se positivo quando os sintomas aparecem e permanece detectável por até 6 meses, quando, então, desaparece.
– O anticorpo IgG indica infecção antiga. Fica positivo após algumas semanas de infecção e assim permanece pelo resto da vida.

Temos, então, 3 possibilidades:

– HAV IgG positivo e IgM negativo = Infecção antiga e curada.
– HAV IgG positivo e IgM positivo = Infecção ativa e a caminho da cura.
– HAV IgG negativo e IgM positivo = infecção ativa no início do quadro.

Tratamento da hepatite A

Como se trata de uma doença benigna com cura espontânea na quase totalidade dos casos, não há tratamento específico para a hepatite A.

Indica-se apenas repouso, boa alimentação e hidratação. Deve-se, obviamente, evitar bebidas alcoólicas e drogas que possam causar lesão hepática, como o paracetamol.

Vacina para hepatite A

Já existe vacina para hepatite A e sua administração é recomendada em crianças aos 12 e 18 meses de idade. A vacina também pode ser aplicada em adultos a qualquer momento. A vacinação de profissionais que trabalham com comida é útil para evitar epidemias pela transmissão através de alimentos. A vacina também é importante para pacientes que já tenham alguma outra doença do fígado, uma vez que este grupo apresenta maior risco de complicações quando exposto ao HAV.

Este post também está disponível em: Espanhol

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