A degeneração macular é uma doença que causa perda da visão central, atrapalhando atividades simples como ler, assistir TV e dirigir. Saiba mais.
Mudanças significativas têm surgido nos últimos anos no cenário da Oftalmologia. A progressiva alteração das características da pirâmide populacional elevou significativamente a parcela de indivíduos maiores de 50 anos em nosso país. Aspectos sociais e econômicos atuais associaram esse aumento da expectativa de vida a uma manutenção desses indivíduos na faixa da população economicamente ativa.
Esses indivíduos estão sob um risco aumentado de desenvolvimento de uma doença conhecida como Degeneração Macular Relacionada à Idade – DMRI.
A degeneração macular é uma doença complexa que compreende alterações progressivas da retina, estrutura localizada no fundo do olho, responsável pela captação dos estímulos luminosos e transformação em sinal elétrico para o cérebro. A mácula, porção central da retina, responsável pela visão central e de detalhes, é a principal região acometida.
A degeneração macular é a principal causa de cegueira irreversível nos países desenvolvidos, e essa tendência vem se revelando também em nosso país. Ela atinge 8% dos indivíduos maiores de 50 anos, com um aumento exponencial com o avanço da idade, acometendo 2/3 da população acima de 90 anos. Além da idade, outros fatores de risco são:
- História familiar
- Pele clara
- Tabagismo (leia: COMO E POR QUE PARAR DE FUMAR CIGARRO)
- Hipertensão arterial (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO)
- Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA)
- Baixo consumo de vitaminas
- Doença cardiovascular
- Exposição solar
A boa notícia é que o recente aumento da incidência de degeneração macular foi acompanhado por uma sensível evolução nos métodos diagnósticos e, principalmente, no tratamento desta doença.
A forma mais comum, e menos grave, de degeneração macular é a forma seca. Esta se caracteriza pelo acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, que se depositam sob a forma de drusas e que, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causam uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
A degeneração macular causa uma perda da visão central que pode afetar atividades como ler e identificar traços de fisionomia
O diagnóstico é feito pelo médico oftalmologista através de uma avaliação cuidadosa dos sintomas e exame detalhado da retina, que é feito através da identificação das lesões características após dilatação das pupilas, comumente com auxílio de exames complementares. Neste estágio, é importante a detecção precoce e a definição adequada do momento em que o indivíduo deve receber suplementação vitamínica específica para diminuir o risco de evolução para a forma grave da doença, conhecida como forma úmida.
A forma úmida acomete cerca de 10% dos indivíduos com degeneração macular e ocorre quando, além das alterações da forma seca, surgem também hemorragias e acúmulo de líquido devido ao surgimento de vasos sanguíneos anormais sob a retina. Nesse momento, há uma perda visual de progressão rápida ou até mesmo súbita.
Até poucos anos atrás, os tratamentos disponíveis para a forma úmida da degeneração macular apresentavam baixa eficácia e era frequente vermos pacientes em plena atividade útil sofrerem perda visual progressiva, com grande limitação de sua qualidade de vida. Hoje, as novas medicações comumente aplicadas sob a forma de injeções intraoculares, propiciaram a interrupção da perda visual ou até mesmo a recuperação visual. Para isso, o diagnóstico precoce da forma úmida, mais rara e mais grave, é de grande importância, para imediata instituição do tratamento, a fim de que seja reduzido o risco de perda permanente de visão.
Inúmeras pesquisas científicas no campo da degeneração macular estão em andamento. Muitas envolvem a identificação em cada paciente de genes que poderiam estar associados à doença. Esse trabalho pode ser muito útil na prevenção e tratamento da degeneração macular, tanto para o paciente como para seus familiares.
Concluímos que apesar da gravidade e crescente incidência da degeneração macular, essa doença é ainda desconhecida pela maioria das pessoas, e, portanto, a conscientização da importância do diagnóstico e dos novos recursos de tratamento é de especial utilidade.
Este texto é de autoria do Dr. Flávio MacCord.
Especialista em Retina Clínica e Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de Campinas, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e médico oftalmologista da Clínica São Vicente, Rio de Janeiro.
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