A esteatose hepática, também chamada de fígado gorduroso, é uma doença, como próprio nome diz, provocada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado.
A esteatose hepática é uma doença geralmente benigna, mas que pode, em certos casos, evoluir para esteato-hepatite, uma forma de hepatite provocada pela deposição de gordura no fígado. A esteato-hepatite é uma forma de acumulação de gordura mais grave que esteatose hepática, pois pode levar, a longo prazo, à destruição do tecido hepático, à formação de cicatrizes no fígado e ao desenvolvimento de cirrose.
Várias são as causas de esteatose hepática e esteato-hepatite, sendo o consumo excessivo de álcool, a obesidade e o diabetes as principais.
Neste artigo iremos abordar apenas o tratamento e a dieta mais recomendada para os pacientes com fígado gorduroso. Para saber mais detalhes sobre a esteatose hepática, incluindo causas, sintomas e meios diagnósticos, acesse o link: ESTEATOSE HEPÁTICA .
História natural da esteatose hepática
A esteatose hepática é um problema que, se não controlado adequadamente, pode evoluir para esteato-hepatite e, posteriormente, para cirrose. Porém, felizmente, só uma minoria dos pacientes com esteatose hepática acaba desenvolvendo cirrose.
Por ser uma doença silenciosa, que não provoca sintomas, o número exato de pessoas que sofrem acúmulo de gordura no fígado acaba ficando subestimado. Acredita-se que até 1 em cada 3 pessoas possa ter esteatose. A falta de um número exato de pessoas com a doença torna difícil estimar qual o percentual destas acaba evoluindo para cirrose a longo prazo. Em geral, menos de 10% dos pacientes com esteatose acabam evoluindo para esteato-hepatite. Destes, 20% irão evoluir para cirrose.
Portanto, apesar da esteatose ser uma doença benigna na grande maioria dos casos, se não tratada, é possível que a doença evolua de forma desfavorável. Portanto, todo paciente diagnosticado com esteatose hepática e, principalmente, esteato-hepatite deve iniciar tratamento especializado para tentar reverter esse acúmulo de gordura.
Tratamento da esteatose hepática e da esteato-hepatite
Múltiplos tratamentos têm sido investigados para o controle da esteatose hepática. Porém, poucos apresentam resultados cientificamente comprovados. Vamos resumir as principais medidas que podem ser tomadas para tratar a esteatose.
Perda de peso
A medida mais eficaz para controlar a esteatose hepática é a perda de peso. Estudos mostram que uma redução de apenas 7% no peso corporal pode ser capaz de trazer excelentes resultados. Portanto, uma pessoa obesa ou com sobrepeso, que pesa ao redor de 80 quilos, precisaria perder cerca de 5 quilos para conseguir apresentar regressão do acumulo de gordura hepática.
Em geral, sugerimos a prática de atividade física e um controle do consumo de calorias de forma que o paciente perca entre 0,5 e 1 kg por semana. Perdas muito rápidas de peso, provocadas através de dietas muito rigorosas, podem ter efeito contrário, agravando a esteatose. Não é preciso ter pressa. Um emagrecimento lento, mas definitivo, é a melhor forma de combater a esteatose.
A perda de peso, obviamente, só funciona para aqueles indivíduos obesos ou com sobrepeso. Pessoas com com índice da massa corporal (IMC) normal, ou seja, entre 20 e 25 kg/m2, não apresentam grande benefícios, pois a causa da sua esteatose não é o excesso de gordura corporal.
Consumo de álcool
A suspensão do consumo de álcool é extremamente necessária para evitar que uma esteatose evolua para esteato-hepatite e cirrose hepática. Pessoas com sinais de acúmulo de gordura hepática devem evitar por completo as bebidas alcoólicas.
Provavelmente pequenas quantidades de álcool, ingeridas esporadicamente, não devem fazer mal, porém, não sabemos a dose mínima segura nestes casos. Como boa parte dos pacientes com esteatose provocada por álcool estão habituados a ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas, o ideal mesmo é educá-los a evitar a bebida por completo.
Doença cardiovascular
Pacientes com esteatose hepática apresentam maior risco de doenças cardiovasculares, por isso, o controle dos fatores de risco é essencial para diminuir o risco de complicações cardíacas. Perda de peso, pratica de atividade física, controle dos níveis da pressão arterial, parar de fumar e uso de estatinas (medicamentos para controlar o colesterol) são medidas que devem ser instituídas sempre que necessário.
O uso de medicação para controlar o colesterol não atua diretamente sobre a esteatose, mas ajuda a diminuir o risco cardiovascular destes pacientes. Se o paciente tem colesterol alto, a presença de esteatose é mais um motivo para o seu controle com medicamentos.
Vacinação para hepatite A e B
Pacientes com esteatose e, principalmente, esteato-hepatite apresentam evolução desfavorável, caso venham a se infectar com qualquer uma das formas de hepatite viral. Portanto, para aqueles que ainda não são imunizados, indicamos a vacinação contra a Hepatite A e B.
A vacinação não tem qualquer efeito sobre a esteatose, ela apenas serve de proteção contra adicionais problemas do fígado.
Ainda não existe vacina para hepatite C.
Suspender drogas nocivas
Se o paciente passa a acumular gordura no fígado como efeito colateral de medicamentos, tais como corticoides, estrogênio, tamoxifeno, amiodarona, etc., o tratamento deve, sempre que possível, visar a suspensão destas drogas.
Medicamentos para a esteatose hepática
Infelizmente, as medidas que comprovadamente beneficiam o paciente com fígado gorduroso são apenas as descritas no tópico anterior. Dezenas de fármacos já foram estudados para o tratamento da esteatose, mas nenhum deles, até agora, conseguiu reunir substancial evidência científica para que possamos afirmar sua eficácia e indicá-los especificamente para o tratamento.
Vamos resumir os resultados dos medicamentos mais estudados para a esteatose e esteato-hepatite.
Vitamina E
Os estudos com a vitamina E apresentam resultados conflitantes. Atualmente, há um consenso de que para esteatose simples, a vitamina E não apresenta nenhuma vantagem. Porém, pacientes com esteato-hepatite e sinais de fibrose hepática comprovados através da biópsia do fígado parecem se beneficiar do tratamento com 400 a 800 UI de vitamina E por dia.
Antidiabéticos orais
Drogas hipoglicemiantes, tais como a metformina, pioglitazona e rosiglitazona, usadas habitualmente tratamento do diabetes tipo 2, têm sido estudadas como alternativa para o tratamento da esteatose. Todavia, nenhum estudo conseguiu comprovar eficácia destas drogas em pacientes com esteatose sem alterações da glicose sanguínea.
Portanto, esses medicamentos não devem ser usadas para o tratamento da esteatose, a não ser que o paciente seja diabético e tenha indicação de tratamento com hipoglicemiantes orais.
Orlistat
Estudos têm mostrado que o efeito benéfico do orlistat está diretamente relacionado com a perda de peso do paciente. A droga não age diretamente sobre a esteatose. Logo, o orlistat pode ser usado no tratamento da esteatose apenas como droga auxiliar para o controle do peso corporal.
Omega 3
Alguns trabalhos têm mostrado benefícios do omega 3 nos casos de esteatose, mas não da esteato-hepatite. Pacientes com triglicerídeos elevados também parecem se beneficiar. Porém, estudos mais conclusivos ainda são necessários antes de podermos indicar o omega 3 como tratamento efetivo para a esteatose hepática.
Varias outras drogas foram testadas em diversos trabalhos, mas sempre com resultados inconclusivos. Entre elas, podemos citar:
– Losartana.
– Pentoxifilina.
– Betaína
– Ácido ursodesoxicólico.
– Cafeína.
– Carnitina.
– N-acetilcisteína.
– Genfibrozila.
– Ácido fólico.
Dieta para esteatose hepática
Não há uma dieta específica para o paciente com esteatose. Porém, a sua alimentação deve ser balanceada de forma a facilitar a perda de peso, o controle do diabetes e do colesterol. O paciente deve, portanto, evitar frituras, excesso de gorduras e doces.
Dietas ricas em gordura saturada, gordura trans e excesso de açúcar têm sido associadas a um maior risco de desenvolvimento de gordura no fígado. Bebidas e comidas ricas em frutose (refrigerantes e doces em geral) também parecem ser prejudiciais.
Frutas, cereais, legumes, verduras, gorduras poli-insaturadas são alimentos saudáveis que devem fazer parte da dieta de qualquer pessoa, mas, principalmente, de diabéticos, cardiopatas e indivíduos com esteatose.
Se você como muito pão, dê preferência ao pão integral. Leite desnatado e queijos magros são os mais indicados. Entre as carnes, o peixe é a melhor, principalmente salmão, atum e sardinha.
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