A hipertensão arterial é umas doenças mais comuns da humanidade, acometendo cerca de 20% da população adulta e mais de 50% dos idosos. Pelo fato de ser um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, e por ser uma doença que não provoca sintomas na maioria dos casos, a hipertensão recebeu a alcunha de “assassino silencioso”.
Como habitualmente não há sintomas, a correta aferição da pressão arterial é a forma mais segura de saber como andam os níveis de pressão arterial de um indivíduo. Apesar de ser um procedimento simples, frequentemente, a medição da pressão arterial costuma ser feita de forma incorreta, inclusive por médicos.
Neste artigo vamos abordar as formas corretas de aferição dos valores da pressão arterial. Se você procura por mais informações sobre a hipertensão arterial sistêmica, acesse o nosso arquivo de texto sobre assunto através deste link: ARQUIVO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL.
Antes de medir a pressão arterial
Um dos erros mais comuns na hora de medir a pressão arterial é achar que não é preciso preparo algum antes da pressão ser aferida. Situações simples e triviais, tais como ter fumado ou ter feito algum esforço físico logo antes da aferição dos valores, podem provocar elevações artificiais da pressão arterial, levando à uma interpretação errada do grau de hipertensão do paciente. Outro erro comum é medir a pressão arterial mais de uma vez seguida, sem dar pelo menos 1 minutos de intervalo entre cada aferição.
As principais diretrizes internacionais de hipertensão sugerem as seguintes providências antes da aferição da pressão arterial:
- Os pacientes devem estar sentados e calmos por pelo menos 5 minutos antes da aferição.
- Os pacientes devem abster-se de fazer esforço físico, fumar ou ingerir cafeína durante os 30 minutos que precedem a medição.
- Não se deve medir a pressão arterial se o paciente estiver com vontade de urinar.
- A medição correta da pressão arterial requer o uso de uma braçadeira adequada à circunferência do braço do paciente. Pacientes obesos podem precisar de um aparelho com uma braçadeira maior. Pacientes com grandes braços, com mais de 45 centímetros de circunferência podem exigir que a pressão arterial seja medida no antebraço, e não no braço, como é habitual. Outra opção é usar um aparelho com braçadeira grande, feito para medir a pressão na coxa. Esse tamanho de braçadeira, porém, não costuma ser tão fácil de achar.
Qualquer uma das situações acima pode levar à medicação de dados incorretos, superestimando o valor da pressão arterial. Uma braçadeira pequena em relação à circunferência do braço, por exemplo, pode provocar leituras erradas, dando valores até 30/10 mmHg acima do correto (ex: um paciente com pressão de 130/80 mmHg pode apresentar valores de até 160/90 mmHg, se ele for obeso e a braçadeira for pequena). A parte da braçadeira que infla deve cobrir, pelo menos, 40% da circunferência do braço.
O oposto também é real. Pacientes pequenos e com braços muito finos precisa de uma braçadeira menor, caso contrário os seus valores da pressão arterial podem ficar subestimados.
Como medir a pressão arterial
Existem dois tipos de esfigmomanômetros, chamados popularmente de aparelho de pressão: manual e automático.
a) Como medir a pressão arterial em um aparelho de pressão manual
Ao contrário dos atuais aparelhos automáticos e digitais, que podem ser manuseados pelo próprio paciente, o clássico esfigmomanômetro manual requer que outra pessoa meça a pressão do paciente. Isso costuma ser um problema, principalmente quando se trata de idosos que moram sozinhos ou apenas com uma outra pessoa idosa. Na verdade, qualquer pessoa pode medir a pressão arterial de alguém, porém, um mínimo de treinamento é necessário para que o procedimento seja feito de forma correta.
Para medir a pressão arterial com um esfigmomanômetro comum, os passos a seguir são os seguintes:
- O paciente deve ser colocado sentado, com ambos os pés encostando no chão e com as costas retas, apoiadas no encosto da cadeira.
- Os braços devem ficar esticados, apoiados em uma mesa, mais ou menos na mesma altura do coração.
- Coloque a braçadeira ao redor do braço do paciente (de preferência o esquerdo), ficando a mesma cerca de 2 cm acima da fossa cubital (dobra do braço).
- Palpe a artéria braquial logo abaixo da fossa cubital e ponha o diafragma do estetoscópio em cima desta.
- Com o estetoscópio ao ouvido, comece a inflar a braçadeira.
- A partir de um certo momento, você começará a ouvir a pulsação da artéria. Continue inflando até o som do pulso desparecer.
- Comece a esvaziar a braçadeira de forma bem lenta. Quando o som do pulso reaparecer, veja qual é o valor que o aparelho está mostrando. Esta é a pressão sistólica, chamada popularmente de pressão máxima.
- Continue desinsuflando a braçadeira. Quando o som do pulso desaparecer de vez, veja qual é o valor que o aparelho está mostrando. Esta é a pressão diastólica, chamada popularmente de pressão mínima.
A pressão arterial pode ser diferente em cada um dos braços. Valores de até 10 mmHg de diferença são considerados normais. Da mesma forma, ao longo do dia, os valores tendem a se alterar. A pressão costuma estar mais baixa logo ao acordar e mais alta ao final do dia. Por isso, o ideal é sempre medir a pressão arterial no mesmo braço e mais ou menos na mesma hora do dia para que os valores possam ser comparáveis.
b) Como medir a pressão arterial em um aparelho de pressão automático
Os aparelhos de pressão automáticos e digitais ganharam popularidade no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Sua grande vantagem é permitir que o paciente possa medir a própria pressão arterial várias vezes por dia sem necessitar da ajuda de outras pessoas.
O procedimento torna-se muito mais simples, pois basta o paciente assumir a posição adequada, colocar o aparelho em volta do braço e dar a ordem para ele medir a pressão. Em questão de segundos, o resultado aparecerá no monitor.
Apesar de ser muito prático, os aparelhos digitais, se não forem de boa qualidade, podem fornecer resultados não muito confiáveis. Antes de comprar um aparelho digital para medir a pressão, certifique-se que o mesmo tem o selo do INMETRO e foi aprovado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualmente, apenas alguns modelos das marcas Bioland, G-Tech e Geratherm possuem ambos os selos. A lista completa de aparelhos certificados pode ser acessada no site da SBC (http://prevencao.cardiol.br/selo/prod-certificados.asp).
Qual é o melhor local para medir a pressão arterial?
O local mais indicado para se aferir a pressão arterial, seja com o parelho manual ou digital, é o braço. Não há preferência pelo braço esquerdo ou direito. Como a pressão em um dos braços costuma ser ligeiramente diferente do outro, apenas para questões de futura comparação, o ideal é aferir a pressão sempre no mesmo braço.
Muitos aparelhos digitais são feitos para medir a pressão arterial no punho. A medição no punho não é tão confiável quanto á do braço, pois a posição do mesmo durante a aferição é capaz de alterar os resultados. Para que a aferição seja correta, o punho deve estar apoiado em uma mesa na mesma altura do coração. Se o braço estiver para cima ou para baixo, os resultados não serão válidos.
Existem também no mercado aparelhos automáticos que medem a pressão no dedo. Esses aparelhos não são confiáveis, pois a pressão arterial nas extremidades do membro superior é diferente do resto do corpo.
Como já referido, o antebraço é uma opção para pacientes obesos, não devendo ser a primeira opção caso o paciente tenha um braço com circunferência menor que 40 cm.
Em casos extraordinários, a pressão arterial pode ser aferida na coxa ou na panturrilha, mas geralmente isso só é necessários em pacientes que apresentem algum impedimento nos membros superiores.
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