Tendinopatia ou tendinose são os termos atualmente usados para descrever as lesões do tendão que antigamente eram chamadas de tendinite.
A tendinose é uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica e espessamento do tendão. Ele geralmente resulta do uso excessivo do tendão, principalmente em trabalhadores que fazem movimentos repetidos ou atletas amadores.
O termo tendinite tem sido abandonado, pois o sufixo “ite” é habitualmente usado para descrever a presença de inflamação em alguma estrutura, como nos casos de meningite (inflamação da meninge), apendicite (inflamação do apêndice) ou faringite (inflamação da faringe). A palavra tendinite, portanto, significa inflação do tendão. O fato é que na maioria das tendinopatias provocadas por uso excessivo do tendão há pouca ou nenhuma inflamação presente, o que torna o termo tendinite inadequado.
Resumindo, o termo tendinose deve ser usado para descrever uma lesão crônica do tendão, provocada pelo seu uso excessivo, o que antigamente era chamado de tendinite. O termo tendinite só deve ser usado para os poucos casos no qual há realmente um processo inflamatório do tendão. O termo tendinopatia é mais amplo e pode ser empregado para descrever qualquer lesão do tendão, seja ela uma tendinose, tendinite real, rutura, etc.
Feitas as devidas explicações, por ser um termo bastante consagrado e de mais fácil reconhecimento pelo público leigo, vou, ao longo do artigo, me dar a liberdade de usar os nomes tendinite, tendinopatia e tendinose como sinônimos, apesar de você já saber que o mais correto é mesmo tendinose.
Neste artigo falaremos sobre a tendinite em geral, ao longo das próximas semanas prepararemos artigos específicos sobre tendinite de ombro, joelhos, calcanhar e cotovelo.
O que é tendinite
O tendão é um cordão fibroso, composto de tecido conjuntivo e colágeno, que existe ao final de cada músculo, sendo responsável pela fixação do mesmos aos ossos. De forma bem simples, podemos dizer que o tendão é uma espécie de corda que fica grudada aos ossos, ajudando os mesmos a se moverem toda vez que o músculo se contrai. É graças aos tendões que conseguimos mover os dedos, as mãos, pernas, ombros, e diversas outras partes do corpo.
Alguns tendões são superficiais e facilmente identificáveis, como os tendões das mãos e dos pés demonstrados nas fotos ao lado.
Outro tendão facilmente identificado é o tendão de aquiles, também chamado tendão calcâneo, que liga os músculos da panturrilha ao calcanhar. Se você passar os dedos logo acima do osso do calcanhar irá notar a presença deste um robusto cordão fibroso.
Como os tendões são os responsáveis por transmitir as forças dos músculos aos ossos, os mesmo são constantemente submetidos a tração e estresses mecânicos, que, caso ocorram de forma intensa e/ou repetida, podem levar a pequenas fissuras e degenerações do tendão, principalmente em indivíduos mais velhos, que já possuem um tendão menos elástico e, portanto, mais susceptível a esgarçamentos.
A tendinopatia geralmente ocorre quando o tendão sofre lesões por uso excessivo e não consegue ter um “descanso” para se curar adequadamente, tornado-se mais espesso e com cicatrizes. Também são comuns alterações tais como áreas de desorganização das fibras, calcificações e até necrose do tendão.
Causas da tendinite
Conforme vamos envelhecendo, nosso tendões vão perdendo elasticidade, fazendo com que, a partir dos 35 anos, as tendinopatias se tornem cada vez mais comuns.
O fato de nas últimas décadas a população de meia-idade ter se tornado mais ativa colaborou para o aumento da incidência de tendinites, principalmente os do tendão de aquiles e tendões do joelho, cotovelo, punho e ombro.
A tendinite pode surgir por movimentos repetitivos que ocorrem no trabalho ou mesmo durante a prática de exercícios, como correr, jogar tênis, basquete, volei ou golfe. Pessoas com sobrepeso, com musculatura fraca ou que trabalhem em condições inadequadas também apresentam mais riscos de desenvolverem tendinites.
Sintomas da tendinite
O principal sintoma da tendinite é a dor, que piora quando o tendão é utilizado. Nas tendinopatias dos tendões mais superficiais, como no caso do tendão de Aquiles, é possível notar dor e um espessamento do tendão à palpação do mesmo. Um inchaço na região do tendão também é comum.
O quadro clínico específico depende do tipo de tendão acometido. Por exemplo, nas tendinites do ombro (tendinopatia do manguito rotator), o paciente sente uma dor profunda no ombro quando tenta fazer movimentos com o braço; na tendinite do joelho (tendinopatia patelar), há uma dor na porção anterior do joelho toda vez que o paciente anda, sobe ladeira ou quando está sentado e levanta-se.
Diagnóstico da tendinite
Uma tendinose pode ser diagnosticada apenas com o exame físico. Quando há dúvidas, exames de imagens, como a ultrassonografia ou a ressonância magnética podem ser solicitados.
Tratamento da tendinite
Muitas vezes, o paciente acaba se automedicando para a dor e demora para procurar um ortopedista, que é o especialista para tratar tendinopatias. A demora para iniciar um tratamento pode diminuir as chances de cura completa.
O primeiro passo no tratamento da tendinose é identificar e corrigir a causa. Posições inadequadas na hora de escrever ou datilografar, tênis inapropriados para correr, falta de orientação de um profissional de educação física na hora de fazer musculação ou nadar, etc., podem ser causas corrigíveis de tendinopatias. Para as pessoas que trabalham com computador e têm tendinite no braço, a troca por um teclado mais ergonômico pode ser a solução. Às vezes, basta mudar a altura da cadeira ou a posição do punho ou do cotovelo durante o trabalho para reduzir a carga sobre o tendão afetado.
No período de recuperação, o paciente deve evitar sobrecarregar o tendão lesionado. Repouso é essencial. A fisioterapia para reabilitação muscular e do tendão é muito importante no processo de recuperação. É preciso ter paciência, pois o tratamento de reabilitação do tendão pode durar várias semanas.
Medicamentos anti-inflamatórios podem ser usados por curto período, como 5 a 7 dias. Tratamentos mais prolongados não apresentam benefícios e ainda aumentam muito os risco de efeitos colaterais (leia: EFEITOS COLATERAIS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS). As pomadas contendo anti-inflamatórios podem ajudar na dor e apresentam menos efeitos colaterais que os comprimidos.
Da mesma forma, a injeção de corticoides pode ser usada de forma pontual para aliviar os sintomas na fase mais crítica da tendinite, porém, o seu uso de forma repetida é prejudicial, já que aumenta o risco de rotura do tendão (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | Efeitos colaterais).
Aplicação local de calor ou gelo podem ser usados para aliviar a dor.
Tratamento vendidos como de última geração, tipo Laser, ultrassom ou ondas de choque apresentam mais publicidade do que resultados nos estudos clínicos.
A Acupuntura pode ajudar no controle da dor aguda, mas não há evidências científicas de que, a longo prazo, haja benefícios.
Se após 6 meses de tratamento não houver relevante melhora da dor, deve-se pensar no tratamento cirúrgico,
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