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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

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ERITEMA INFECCIOSO – Parvovírus B19

O eritema infeccioso é uma infecção contagiosa de origem viral, que é capaz de provocar febre e erupções pelo corpo. Esta virose acomete preferencialmente as crianças em idade escolar, mas pode também atingir a população adulta.

O eritema infeccioso é provocada por um vírus chamado Parvovírus B19, motivo pelo qual ele também pode ser chamado de parvovirose. O eritema infeccioso também é conhecido por outros nomes, sendo os mais comuns, quinta moléstia ou síndrome da face esbofetada.

Neste artigo vamos explicar o que é o eritema infeccioso, quais são os seus sintomas, suas formas de transmissão e as opções de tratamento.

O que é o eritema infeccioso (quinta moléstia)

Como já referido na introdução do artigo, a quinta moléstia é uma infecção de origem viral, cuja população mais acometida são as crianças entre 5 e 15 anos. Cerca de 70% dos indivíduos chegam à idade adulta já possuindo anticorpos contra o parvovírus B19, motivo pelo qual esta virose é bem menos comum nesta faixa etária. Todavia, quem conseguiu passar toda infância e adolescência sem se infectar com o vírus, pode vir a desenvolver o eritema infeccioso em qualquer ponto da vida adulta.

O parvovírus B19 é um vírus que só consegue infectar os humanos. Ele é diferente do parvovírus canino, que é capaz de provocar grave infecção nos cães, mas é completamente inofensivo para os seres humanos. Portanto, o parvovírus humano não passa para os cães, da mesma forma que o parvovírus canino não é contagioso para os humanos.

O eritema infeccioso é a forma de apresentação clínica mais comum da infecção pelo parvovírus B19, mas não é a única. A infecção pelo parvovírus B19 costuma ser benigna e assintomática na maioria dos casos, mas pode provocar graves quadros de anemia e aplasia da medula óssea em pacientes imunossuprimidos, grávidas (grave para o feto) e portadores de anemia falciforme (leia: ANEMIA FALCIFORME | TRAÇO FALCIFORME). Neste artigo nós vamos nos ater apenas ao eritema infeccioso.

Transmissão do parvovírus B19

A forma de transmissão mais comum do parvovírus B19 é através do contato com secreções das vias aéreas. Este fato é interessante porque muitos dos pacientes com eritema infeccioso podem não apresentar sintomas respiratórios. Mesmo na ausência de espirros, tosse, coriza ou qualquer outro sintoma respiratório, é possível encontrar o parvovírus B19 em grandes quantidades na saliva dos pacientes doentes. Essa existência do vírus nas secreções orais faz com a transmissão possa ocorrer através do beijo, de gotículas de saliva durante uma conversa (perdigotos), de mãos contaminadas, de copos e talheres contaminados, da roupa de cama, etc. Como o vírus é capaz de sobreviver muitas horas no ambiente, a transmissão através de objetos inanimados recentemente manuseados por pessoas contaminadas é uma forma muito comum de contágio.

O paciente torna-se contagioso de 5 a 10 dias após ter sido contaminado, e assim permanece por cerca de 5 dias. Como o período de incubação pode durar entre 4 a 14 dias, em muitos casos, no momento em que o paciente está mais contagioso, ele ainda encontra-se assintomático. O surgimento dos sintomas coincide com o aparecimento dos anticorpos, que são os responsáveis por acabar com a fase contagiosa da doença. Portanto, em geral, o paciente quando apresenta as clássicas erupções de pele já não encontra-se mais contagioso.

Outra forma de transmissão do parvovírus B19 é a chamada transmissão vertical, que é aquela que ocorre da mãe para o feto. Uma mulher que nunca tenha tido eritema infeccioso e que se infecta durante a gravidez pode transmitir o vírus para o feto. Se essa transmissão ocorrer nas primeiras 20 semanas de gestação, há um risco aumentado de abortamento.

Gestantes que já tiveram contato com o parvovírus durante a infância, mesmo que não tenham desenvolvido sintomas, estão imunes ao vírus e não correm risco de terem problemas na gravidez.

O parvovírus B19 também pode ser transmitido através da transfusão de sangue.

Sintomas do eritema infeccioso

A maioria dos pacientes que tem contato com o parvovírus B19 pela primeira vez não desenvolve nenhum tipo de sintoma. Outros apresentam um quadro muito brando, parecido com qualquer resfriado comum. O resultado é que, apesar de 70% dos adultos já terem tido algum tipo de contato com o vírus,  apenas uma minoria tem conhecimento de tal fato.

Nos pacientes que desenvolvem sintomas do eritema infeccioso, o quadro começa como uma virose inespecífica, com sintomas comuns, tipo coriza, febre baixa, dor de garganta, espirros, dor de cabeça, tosse, mal estar, coceira pelo corpo e dor nas articulações. Esse quadro inicial, chamado de pródromo, dura de 2 a 3 dias e depois desaparece.

Dois a sete dias após a fase prodrômica, os sintomas voltam, desta vez sob a forma de erupção da pele, chamado de exantema ou rash. O rash do eritema infeccioso comporta-se tipicamente em 3 fases.

Fase 1 – o exantema inicia-se pela face, dando ao paciente uma aparência de “face esbofetada”. Esse rash é caracteristicamente bem avermelhado, acometendo ambas as bochechas e com discreto relevo. Em geral, as áreas ao redor do nariz, boca e olhos são poupadas.

Esse rash facial é mais comum nas crianças que nos adultos e costuma durar de 2 a 4 dias. Ele não é doloroso, mas pode causar alguma coceira.

Fase 2 – 1 a 4 dias após o exantema facial, o rash espalha-se pelo corpo. Nesta fase, as lesões de pele adquirem uma aparência muito característica, que é chamada de rash reticular ou rash em forma de renda, como pode ser visto na foto ao lado. O rash reticular é mais comum nas crianças do que nos adultos.

No adultos, os sintomas do eritema infeccioso podem ser diferentes. Além do rash frequentemente não ter a típica aparência reticular, podendo ser facilmente confundido com rash da rubéola, da escarlatina ou de alergias de pele, alguns adultos podem até não desenvolver rash algum.

Enquanto mais de 75% das crianças apresentam exantemas, menos 50% dos adultos o fazem.

Em algumas pessoas, principalmente nas mulheres adultas, o sintoma mais importante, e, às vezes, único, da infecção pelo parvovírus B19 é uma intensa dor articular, habitualmente com sinais de artrite (dor, calor e inchaço nas articulações). Mãos, punhos, joelhos, tornozelos e pés são os locais mais acometidos.

O acometimento articular costuma durar de 1 a 2 semanas, mas, em alguns casos, pode demorar meses para sumir completamente.

Fase 3 – após a fase aguda do exantema, que dura de 1 a 3 semanas, o paciente pode ainda passar semanas, ou até meses, experimentando recorrências do rash, principalmente após contato com água quente, exposição solar excessiva, dias muito quentes, estresse psicológico ou exercício físico intenso.

Após a cura, o paciente torna-se imune à doença.

Diagnóstico do eritema infeccioso

Quando o quadro clínico é muito característico, com o rash facial tipo esbofetada e o rash reticular no corpo, o diagnóstico pode ser feito apenas de forma clínica, através dos sintomas.

Nos casos no quais há dúvidas, o médico pode solicitar uma sorologia para parvovírus B19, que é um exame de sangue que pesquisa a presença de anticorpos contra o vírus. Quando o paciente apresenta as lesões de pele e/ou as dores articulares, já costumam haver anticorpos específicos contra o parvovírus B19 circulando no sangue.

Tratamento da eritema infeccioso

Na imensa maioria dos casos, o eritema infeccioso é uma doença benigna e autolimitada, que cura-se sozinha sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento.

Se o paciente queixa-se de coceira ou dor articular, medicamentos sintomáticos, como um anti-histamínico ou analgésicos podem ser prescritos para aliviar os sintomas.

 

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